Pequenas atitudes

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Os africanos dizem que gestos mínimos, praticados por indivíduos anônimos, isoladamente, quando somados, podem significar enormes mudanças no mundo. É o que acontece com a questão climática, a mais séria e a mais urgente, apesar de não ser assim considerada pela maior parte da população.

            O aquecimento global produzido pela excessiva utilização de gases causadores do efeito-estufa gera fenômenos extremos. Chuvas torrenciais, com alagamentos, enchentes, inundações e deslizamentos de terra vão resultar em mortes plenamente evitáveis.

            Algumas décadas atrás, dizia-se que essas coisas aconteceriam dentro de um século. Elas chegaram já. Estão nos dias presentes. Isso teria de fazer a humanidade acordar e se convencer de que não é possível continuar com os maus-tratos infligidos ao ambiente.

            Desmatar é acabar com a vida presente e com a possibilidade de vida futura. Ao contrário, precisamos plantar mais árvores. Há um déficit tremendo de árvores em todo o Brasil e também em São Paulo, com vastas regiões desprovidas de vegetação. É científico, embora comprovável por experiência de cada um, que as áreas cobertas com árvores oferecem um conforto que a ausência de cobertura verde transforma em cenário hostil.

            Se cada brasileiro se encarregasse de plantar algumas árvores, em médio prazo teríamos um Brasil melhor, mais próximo daquilo que já foi e que destruímos com nossa insensata atuação sobre o habitat.

            Ruas arborizadas têm temperatura mais amena. Ruas sem árvores são corredores de aquecimento e saunas antinaturais. Um cidadão consciente coletaria sementes que as espécies ainda existentes deixam cair sobre as calçadas e que são deixadas ali, para que eventual chuva as conduza até às bocas de lobo. Por que não fazer mudas e destiná-las a recuperar espaços degradados e terrenos ociosos?

            Parece coisa pouca, mas se houver escala, a cidade poderá sonhar com dias mais saudáveis, com paisagens menos inóspitas, com lugares em que a saúde física e mental será a rotina dos munícipes.

*José Renato Nalini é Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas do Município de São Paulo.


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